COLETIVO CIRANDEIRAS: O PRIMEIRO COLETIVO DE MULHERES DO DIREITO
- ogladio2024
- 22 de ago. de 2024
- 3 min de leitura
Atualizado: 28 de ago. de 2024
Yasmin Radef Saide
Nesse breve artigo, abordaremos a criação e evolução do primeiro coletivo feminista da Faculdade de Direito da Universidade Federal Fluminense (UFF), destacando suas contribuições sócio jurídicas e administrativas de 2015 a 2018.
Inicialmente, o ambiente da faculdade era marcado por trotes intimidadores e alguns relatos de assédio por funcionários e alunos, o que levou à necessidade de um grupo voltado às questões das mulheres. (EXTRA, 2009) (UOL, 2009) (ESTADÃO, 2009)
Em 2015, alunas do Centro Acadêmico Evaristo da Veiga (CAEV) formaram o Grupo de Trabalho (GT) de Feminismo, que rapidamente ganhou relevância e tornou-se um grupo independente, o Coletivo Cirandeiras.
Um evento significativo foi o debate sobre "Cyberbullying e Objetificação na Internet" que contou com a participação de figuras notáveis à época como as blogueiras Lola Aronovich e Larissa Santiago, atraindo apoio da OAB-RJ e atenção ampla, sendo um debate inovador bem à época do desenvolvimento da lei que acrescentou atribuição à Polícia Federal no que concerne à investigação de crimes praticados por meio da Internet que difundam conteúdo misógino, sendo esses definidos como aqueles que propagam o ódio ou a aversão às mulheres. (BRASIL, 2018) Assim como palestras, rodas de conversas, distribuição de material informativo sobre direitos das mulheres no ERED (Encontro Regional dos e das Estudantes de Direito) e cine debates sobre gênero e sociedade.
Na mesma feita, mobilizou estudantes que lutavam pelo seu direito de ir e vir em segurança no município de Niterói com o movimento “Ingájadas” após relatos de perseguições no bairro do Ingá. A manifestação percorreu as ruas deste bairro em que estão localizados os prédios da Faculdade de Direito da UFF a fim de chamar atenção dos civis e das autoridades competentes para a questão da insegurança urbana.
O Coletivo Cirandeiras foi oficialmente fundado em 2015, promovendo atividades tanto para a comunidade acadêmica quanto externa. Suas ações incluíram manifestações contra a insegurança nos arredores da UFF, debates sobre assédio e campanhas de doação de itens de higiene para mulheres vulneráveis. O Cirandeiras enfrentou desafios, incluindo resistências internas e externas, mas conseguiu consolidar seu papel e influenciar a criação de ações mais inclusivas e seguras na faculdade. Entre seus impactos, destacam-se a inclusão do debate de gênero e a promoção de projetos sociais e acadêmicos.
As atividades do Coletivo Cirandeiras foram fundamentais para transformar a cultura institucional da Faculdade e promover a equidade de gênero por meio da organização social de alunas. O debate, o diálogo e o florescer de ideias são o cerne do meio universitário e o Cirandeiras foi um meio de convite para essas importantes atividades.
Bibliografia:
SAIDE, Yasmin Radef. Coletivo Cirandeiras: O 1º Coletivo de Mulheres do Direito UFF.
Págs. 83-95. Artigo publicado nos Anais do VIII Seminário Internacional sobre Direitos Humanos Fundamentais, Volume VI: Cultura Jurídica e os 110 anos da Faculdade de Direito da UFF. ISSN 2525-2682. Nov 2022. Disponível em: https://seminarioduff.blogspot.com/2022/11/anais-do-viii-seminariointernacional.html?m=1 Acesso em 28 mai 2024.
BRASIL. Lei no 13.642, de 3 de abril de 2018. Altera a Lei no 10.446, de 8 de maio de 2002, para acrescentar atribuição à Polícia Federal no que concerne à investigação de crimes praticados por meio da rede mundial de computadores que difundam conteúdo misógino, definidos como aqueles que propagam o ódio ou a aversão às mulheres. Disponível em: https://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/2018/lei-13642-3-abril-2018-786403-publicacaooriginal-155161-pl.html. Acesso em 28 mai 2024.
EXTRA. Caloura de direito da UFF denuncia agressão durante trote. Extra,
caloura-de-direito-da-uff-denuncia-agressao-durante-trote-321416.html. Acesso em 28 mai 2024.
FACEBOOK. Coletivo Cirandeiras. Disponível em: <https://www.facebook.com/CirandeirasUFF/>. Acesso em 28 mai 2024.
GLOBO. Estupro: Cidade tem uma vítima a cada 2 dias. O Globo Caderno Niterói. 10 de mar de 2013. Rio de Janeiro. Impresso.
INSTAGRAM. Coletivo Cirandeiras. Disponível em:
<https://www.instagram.com/cirandeiras/>. Acesso em 28 mai 2024.
LOLA ARONOVICH. O alto preço de ser mulher e feminista. Blog Escreva, Lola, Escreva. 23 de mar de 2015. Disponível em: https://escrevalolaescreva.blogspot.com/2015/03/o-alto-preco-de-ser-mulher-e-feminista.html. Acesso em 28 mai 2024.
O DIA. Estupro de aluna revolta UFF. 3 de Out de 2013. Pág 20. Rio de Janeiro. Impresso.
O Estado de São Paulo. UFF abre sindicância para apurar trote violento. São Paulo, 25 de Ago de 2009. Disponível em: https://emais.estadao.com.br/noticias/geral,uff-abre-sindicancia-para-apurar-trote-violento,424138. Acesso em 28 mai 2024.
PEREIRA, Aline. Mulheres protestam contra a cultura do estupro e pelo direito à cidade. Aduff SSind, Niterói, 2 de jul de 2016. Disponível em: http://aduff.org.br/site/index.php/notocias/noticias-2016/item/2439-mulheres-protestam-contra-a-cultura-do-estupro-e-pelo-direito-a-cidade. Acesso em 28 mai 2024.
PEREIRA, Aline. Mulheres fazem ato nessa quinta (30) contra a cultura do estupro em Niterói. Aduff SSind, Niterói, 28 de jun de 2016. Disponível em: http://aduff.org.br/site/index.php/notocias/noticias-2016/item/2439-mulheres-protestam-contra-a-cultura-do-estupro-e-pelo-direito-a-cidade. Acesso em 28 mai 2024.
UOL. Reitoria da UFF apura denúncia de abuso sexual em trote. UOL, São Paulo, 24 de Ago de 2009. Disponível em: https://educacao.uol.com.br/noticias/2009/08/24/reitoria-da-uff-apura-denuncia-de-abuso-sexual-em-trote.htm. Acesso em 28 mai 2024.
ARQUIVO PARTICULAR. 2014-2018.
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